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Em Santa Catarina, 59% dos adolescentes consomem produtos industrializados
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil -
Os adolescentes de Santa Catarina, acompanhados pela atenção básica do SUS, estão se alimentando mal. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), apontaram que, em 2017, 59% deles consumiram produtos industrializados regularmente, como macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado. Além disso, 58% desses jovens ingeriram hambúrguer e/ou embutidos; e 47% biscoitos recheados, doces ou guloseimas. Os números foram apresentados na terça-feira (16), data que é comemorada o Dia Mundial da Alimentação, e vem como um alerta para a má alimentação por esta parcela da população.
Para o coordenador-substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Nilson, os jovens precisam se atentar mais à alimentação adequada. "Dados revelam que adolescentes com obesidade aos 19 anos têm 89% de chance de ser obeso aos 35 anos, por isso é necessário investir na promoção de uma alimentação adequada e saudável, especialmente na infância e na adolescência, tendo em vista a relação de práticas alimentares inadequadas com o aumento da obesidade na população."
A professora do curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Adriana Soares Lobo, explica que o consumo de industrializados estão associados ao aumento de ingestão de alimentos com elevado valor energético, maior ingestão de gordura total e saturada, principalmente de origem animal, açúcar e sódio. Ela alerta para o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, além de expô-los, cada vez mais cedo, ao risco de doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemias [alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos sanguíneos]. Além disso, o consumo excessivo desses alimentos relaciona-se com a ingestão reduzida de frutas e de verduras, que são fontes importantes fontes de fibras e vitaminas.
Quando falamos por sexo, os percentuais mostram que o consumo de industrializados, fast foods e alimentos doces recheados/guloseimas não se diferenciam muito, sendo um pouco maior nos meninos de Santa Catarina.
Consumo por regiões
O balanço de acompanhamento também trouxe dados por região, que mostram que 59% dos adolescentes do Sul consumiram produtos industrializados, como macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado; 54% consumiram hambúrguer e/ou embutidos e 46% biscoitos recheados, doces ou guloseimas.
A pesquisa reforça as mudanças que vem ocorrendo na alimentação não só de adolescentes mas da população brasileira com a globalização. As modificações das condições socioeconômicas, a urbanização e o processo de globalização alteraram o estilo de vida das pessoas e o modo como elas se alimentam, explica Adriana. Hoje, diz ela, se observa um maior consumo de refeições fora de casa, mudanças nas relações familiares e pessoais com a diminuição do tempo e da frequência do compartilhamento das refeições, o enfraquecimento da transmissão de habilidades culinárias e a perda da identidade cultural no ato das preparações e receitas. O resultado é um maior consumo de alimentos industrializados processados e ultraprocessados, geralmente de mais fácil consumo.
Os maus hábitos à mesa têm refletido na saúde e no excesso de peso dos adolescentes. Números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) trouxeram que 7,8% dos adolescentes das escolas entre 13 e 17 anos estão obesos, sendo maior entre os meninos (8,3%) do que nas meninas (7,3%). O Sisvan revela que 8,2% dos adolescentes (10 a 19 anos) atendidos na Atenção Básica em 2017 são obesos.
"Deve haver um amplo incentivo para uma alimentação mais saudável nessa população. Exemplo de estratégias a serem adotadas: ações de educação alimentar e nutricional no âmbito escolar; implementação de normas e regulamentações para cantinas escolares públicas e privadas com objetivo de limitar a venda de alimentos não saudáveis; implementação de normas e regulamentações para a indústria de alimentos no sentido de diminuir o teor de gorduras, açúcares e sódio nos alimentos industrializados; maior controle sobre a propaganda e publicidade desses alimentos por parte do governo, etc. No âmbito familiar, sugere-se fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados, o desenvolvimento e partilha de habilidades culinárias, o planejamento do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece, dentre outras. Por fim, os pais devem estar atentos à importância da oferta de alimentos saudáveis desde os primeiros anos de vida de forma a promover a adoção de hábitos alimentares saudáveis desde cedo", orienta a nutricionista Adriana.
Incentivo a hábitos saudáveis
Para apoiar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, o Ministério da Saúde publicou em 2014 o Guia Alimentar para a População Brasileira que traz as diretrizes nacionais e as recomendações sobre alimentação adequada e saudável. Dentre elas, a regra de ouro que facilita a aplicação das recomendações: prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.
O Ministério da Saúde também adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março de 2017 em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
FONTE: rcnonline.com.br
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